Já fazia algum tempo que não ia ao cinema. Algumas das minhas últimas experiências diante da telona haviam sido as piores possíveis. Felizmente, após a indicação de alguns amigos, fui assistir há alguns dias ao indicado ao Oscar, 127 Horas. Que agradável surpresa!
Este filme é baseado nas experiências reais de Aron Ralston, um inveterado aventureiro americano, que em busca de grandes emoções, segue até um complexo de canyons a fim de explorá-lo. Mas ao descer um dos paredões, acaba deslocando um matacão que cai junto com ele e esmaga seu braço direito contra a parede de um cânion isolado. Ao perceber que precisava de ajuda, Ralston clamou por socorro, mas em vão. Estava longe da civilização.
127 Horas está longe de ser um filme cristão, familiar ou qualquer coisa parecida, porém traz consigo uma mensagem poderosa de persistência e esperança. Mas não é esse nosso foco. Gostaria de chamar a atenção para um trecho específico, em que Aron já estava preso por algum tempo, e refletia sobre sua situação.
Vemos no decorrer do filme, flashbacks de como haviam sido os momentos anteriores ao acidente. Ralston sai de sua casa, supostamente preparado para sua aventura. Squeeze cheio de água, guloseimas para repor energias, lanternas e cordas, mas fica evidente tudo aquilo que ele deixou de fazer. Esqueceu seu canivete suíço (o que o levou a usar um canivete chinês que dado por sua mãe), não tinha nenhum aparelho de comunicação, e o pior de tudo, seu desdém com sua família, em especial sua mãe, e com seus amigos, foi o pior golpe que o 'destino' havia lhe reservado. Já que não havia avisado ninguém sobre sua viagem, e era muito desligado e não dava notícias a ninguém sobre sua vida, só iria ser considerado desaparecido depois de muitos dias, e ninguém saberia ao dizer ao certo seu paradeiro, o que complicava ainda mais sua situação, já que ele não tinha mais provisão de alimentos e a necrose de seu braço poderia matá-lo a qualquer momento.
Ao refletir sobre tudo isso, nosso aventureiro chega a uma grande conclusão. Não foi aquela pedra traiçoeira que veio de encontro a ele, mas foi ele mesmo, através de suas escolhas, que chegou até aquela pedra. Foram suas decisões, seu modo de vida, seus acertos e suas falhas que culminaram naquela situação; enfim, aquela pedra estava de certa maneira, 'só esperando Aron encontrá-la'.
Quero deixar claro que não sou a favor ou contra a teoria da predestinação e nem sequer estou falando sobre termos nossos destinos traçados.
Estou aqui falando que o conjunto de nossas escolhas é aquilo que faz nossa vida ser como ela é. Enfim, você é o que você escolhe ser, em cada mínima decisão de sua vida.
Uma notável escolha que você pode fazer é ter Jesus como seu companheiro de aventuras. É Ele quem te dará discernimento e te suprirá quando você se deparar com as 'rochas' que te dilaceram e prendem você na escuridão. E talvez, você tenha que deixar um pedaço seu pra trás, mas isso vai ser decisivo para que você consiga se salvar, pois "É melhor perder uma parte do seu corpo do que ser todo ele lançado no inferno" (Mateus 5:29).
Ao sair do cinema, um amigo me questionou se tinha aprendido algo com esse filme. Relutei em dizer, falei algo sobre esperança, mas ainda não tinha percebido que havia muito mais pra se aprender nesta fantástica experiência. Aprendi como é essencial valorizarmos cada detalhe de nossa vida, nossa família, nossos amigos. Só quando chegamos no fim é que saberemos dar valor nos pormenores, quando eles se fazem cruciais; quando estamos prestes a perdê-los.
Às pessoas com estômago forte (contém algumas cenas bem realistas de mutilação) e que sabem filtrar o que é bom e ruim, recomendo o filme.