Não gosto das festividades e nem do clima que toma conta da humanidade no mês de dezembro. Pode ser um trauma, eu confesso. Há alguns anos, ainda criança e com a família desviada dos caminhos de Deus, participava de comemorações que sempre tinham como cenário parentes "trêbados", fumantes vorazes, brincadeiras que ficavam entre a sacanagem e a ausência de bom senso, se é que vocês podem me entender.
Hoje em dia eu e minha mulher travamos uma pequena batalha por destinos entre os dias 24 e 31. O meu, gostaria que fosse Marte. Não dá. Trabalho (normalmente) em ambos os dias, diga-se de passagem. Se no corpo eu não posso, "fora do corpo" fico viajando para o ano seguinte.
Nestas viagens fico pensando em como o outro ano pode ser mais proveitoso do que aquele está partindo. Vou até a frente dos dias que ainda estão aqui e planejo (coisa que quase não faço), sonho (deve ser uma distração minha) e me alegro. Pois é: os dias derradeiros do ano me fazem elaborar tudo que eu não elaborei em pouco mais de 350 dias.
Aproveito para largar mão dos horários de sono mais rigorosos. Passo longas horas pensando e falando com Deus. Ouço pregações "só" para mim. Guardo-as comigo. Revejo algumas amizades (a cada ano, mais decepções ou conclusões equivocadas do ano anterior), penso nos filhos que eu não tenho e sinto saudades da minha mãe.
Passei da época de "resolver" o que eu vou cortar: refrigerantes, sorvete, gordura. Gosto do calendário como um organizador de melhora. O desafio é chegar, dia após dia, melhor que no anterior. Aprendi que algumas decisões não esperam. Aprendi também que o silêncio renova o tempo. Isso não é só poético, é verdadeiro.
E antes de desejar alguma coisa para você no ano de 2011, quero desejar para meu próprio coração, que eu possa viver dias em que eu não me arrependa de nenhuma das decisões que precisei tomar, para que meus dias não sejam subtraídos pelos dias de amargura e de dor. Posso reduzir drasticamente minha esperança em qualquer coisa se atingir minha cota de medos e angústias por todo um semestre. Quanto tempo perdido será!
Que cada hora do dia valha pena pelo passo que foi dado. Que cada minuto plante uma nova experiência. Sem essa de achar que será apenas um ano de benção! Se não for para todos que eu amo, que não seja para mim também! Quero estar longe de advogar minhas próprias causas. Tem gente que precisa do meu argumento. Posso me defender muito bem dos julgamentos que eu criei. Quero continuar sendo amigo dos chatos, eles precisam de alguém.
Agora que eu já voltei do ano que ainda não começou, deixa eu começar a viver estes. A vida não para.
(este blogueiro estará de férias deste espaço até que os dias voltem ao normal)