Eu nunca pensei que fosse encontrar dentro da igreja demonstrações claras de vaidade. Quando pensamos na transformação que Jesus faz na vida do homem, tornando-o nova criatura, não podemos acreditar que ele (o pecado) ainda tenha marcas da velha criatura.

Mas tem.

E se deixar, pode conviver 'pacificamente' com você numa simbiose espírito/carne que pode trazer vários problemas dentro dos templos.

Desde que me entendo por gente, pastores incentivam que os crentes trabalhem nas igrejas, em diversos setores, de acordo com o gosto e desenvoltura de cada um. Alguns escolhem os corais, outros os grupos de visitas, outros o depto. de música, outros a escola dominical e etc.

Nos trabalhos, diários ou semanais, problemas surgem. Quase sempre com um ingrediente muito presente em qualquer grupo social: desorganização. Não foram poucas as vezes em que programações inteiras de final de semana eram ajeitadas nos últimos dias com os últimos retoques nas últimas horas.

Sempre ouvia: "No final Deus abençoa". Realmente, o resultado da pregação fazia com que pessoas fossem a frente e o chamariz planejado, tinha uma certa contribuição na construção daquela atmosfera.

Eu sempre me perguntava: "Será que se a gente tivesse sido + organizado não poderia ter sido melhor?", "Será que Deus é refém das nossas limitações e preguiças para sobejar através do sobrenatural"? "Por que tem que ser apenas na base da oração e não do planejamento"?

Passados anos e anos, pouca coisa mudou. Algumas igrejas foram ao extremo de profissionalizarem seus cultos, onde tudo 'dá certo'. A única coisa que ainda não podem fabricar são conversões. O resto, está tudo lá: os recepcionistas impecáveis, a banda afinada e entrosada, o ar-condicionado em temperatura agradável. Um programa de auditório em moldes televisivos referenciais.

Outras pecam pela quantidade de atividades, que não conseguem dar conta da sua agenda anual pois são tantos os eventos que cercam TODOS os departamentos.

Eu gosto de cultos normais.

Cultos em que eu vou adorar a Deus e tão somente entregar minhas ofertas. Gosto de reuniões onde não haverá um louvor 'especial' e onde não haja nenhuma campanha, nenhuma peça, nenhuma cantata, nenhum convidado. Acho todas estas coisas absolutamente normais e saudáveis, mas sei que por diversas vezes o foco do culto é desviado, em nome de uma "boa causa".

Os antigos e famosos cultos de oração saíram de moda. Neles, senhoras aposentadas ou jovens senhoras, traziam palavras simples de edificação pura e doce, sem qualquer aparato que pudesse atrair mais gente, pois a maior atração estaria ali em seu estado íntegro. Hinos antigos, lágrimas e muitas palavras de glorificação. O culto de oração é era um culto de louvor a Deus, sem ensaios ou sem alegorias.

As pessoas não são simples e os cultos, fantásticos. Exibem os estilos mais variados de entrega de adoração, mesmo que eu ache que, na verdade, um desejo imenso de prazer rodeie o púlpito. Prazer e vontade de fazer. E só.

Não deixam de serem espelhos do que acontece aqui fora. Vivem em um mundo paralelo onde tudo vai bem e Deus cuidará de todas as coisas. Os milagres deixaram de ser raros momentos de fé e entrega para serem transformados em chacotas, perjúrios e ganância.

Tudo piorou.

... Por isso, faça a coisa certa. Conheça Jesus sem maiores intercessores. Leia a Bíblia e investigue-a como a quem se sentiu seduzido. Viva sem a culpa das tradições mas não menospreze a presença de Deus em sua vida. Porque mesmo após descobrirdes que aqueles homens, companheiros de quartos em retiros, são capazes de jogarem você na piscina que eles chamam de Graça, o Todo Poderoso jamais te abandonará.

E eu sei muito bem disso

Lucas 17. 11-19, conta a história de dez leprosos que viviam à margem da sociedade, e que tiveram o grande privilégio de ver Jesus passando pela região onde viviam, quando o viram não pensaram duas vezes, começaram a gritar dizendo: "Jesus, Mestre, tem piedade de nós", Jesus prontamente disse: vão mostrar-se aos sacerdotes, pois de acordo com os costumes judaicos, o procedimento após a cura é mostrar-se ao sacerdote, ou seja, quando Jesus diz para eles se mostrarem ao sacerdote, Ele está dizendo, vocês estão curados, e os dez foram, mas quando um deles percebe que está curado, ele volta imediatamente para adorar ao Senhor, prostrando-se aos seus pés em gratidão, esse teve não apenas o seu corpo curado, mas alcançou a salvação da sua alma, os outros nove, não temos nenhuma informação sobre eles...
Esse é só mais um exemplo que mostra claramente como é que nos temos nos relacionado com Jesus, quais são as nossas intenções, temos buscado ao Senhor pelo que Ele pode nos dar, seja cura, bens materiais, status, enfim...temos ido em direção ao Pai porque sabemos que Ele é dono de todas as coisas, e com esse comportamento temos tratado Deus como uma maquina de realizar nossos desejos mais egoistas e insanos, e todas as vezes que precisamos de algo apertamos o botão, recebemos o que pedimos, damos as costas e seguimos o nosso caminho, sem deixar escapar qualquer tipo de agradecimento.
Mas creio que ainda existam pessoas como esse samaritano, que reconheceu que todos são alvos da graça de Deus e que muito mais do que o nosso corpo curado Ele deseja que o nosso coração seja transformado a cada dia, para que possamos entender que existe fé que cura, e fé que salva, pois muitos são curados, mas poucos são salvos.
E assim prossigo...

Já não é de hoje que conheço o trabalho do Pr. Rick Warren, fundador da Saddleback Church, um grande ministério californiano, e autor do best-seller (recomendadíssimo) "Uma Vida com Propósitos". Minha igreja até mesmo pôs em prática algumas campanhas de Warren, como "40 Dias de Propósitos", um momento marcante no ministério a que pertenço. Tudo isso me levou a seguí-lo no meu Twitter. De fato, seus tweets são muito relevantes, mas um me chamou muito a atenção, que transcrevo em português:

"Jesus começou sua Igreja como uma FAMÍLIA. Foi mudada para uma instituição em Roma, uma visão política na Europa e um negócio na América."

 Reconheço que ele não disse aí nenhuma novidade, mas vários outros fatores começaram a me fazer pensar sobre isso, em especial, algumas aulas de história que tive no curso pré-vestibular sobre a época da Reforma. O profesor mostrou claramente que os reformistas obtiveram sucesso, primordialmente, por que as idéias protestantes abriam espaço para que a burguesia e alguns nobres se amparassem religiosamente para agir da forma que queriam, ganhando dinheiro, o que no fim das contas gerou o capitalismo. Calvino por exemplo, foi vítima de má interpretação da alta sociedade da época, por dizer, intrinsecamente, que a riqueza e o sucesso são sinais de que está pessoa foi escolhida por Deus. Ao contrário desta afirmação, Calvino havia deixado claro que a riqueza de um homem não devia ser para outra coisas senão ajudar os mais necessitados.

"Da mão de Deus tens tu o que possuis. Tu, porém, deverias usar de humanidade para com aqueles que padecem necessidades. És rico? Isso não é para teu bel prazer. Deve a caridade faltar por isso? Deve ela diminuir? Não está ela acima de todas as questões do mundo? Não é ela o vínculo da perfeição?" Sermao CXLI sobre Dt 24.19-22. OPERA CALVINI, tomo XXVIII, p. 204 Fonte: Wikipédia (artigo sobre Calvinismo)

 Enfim, depois de ser usado como politicagem no século 16, virou comércio no século XXI; slogans instigantes chamando as pessoas a irem em determinada igreja para receber milagres, homens que se autoproclamam varões de Deus operando milagres em massa que pouco glorificam a Deus; o famigerado mercado gospel, com músicas repetitivas que mais falam ao homem do que louvam a Deus, livros de auto-ajuda maquiados de cristãos;  congressos, palestras, voltados mais a causa do sucesso material do que na Obra de Deus.

Está na hora da Nova Reforma; da Igreja Gloriosa de Cristo resplandecer no meio desta corja de hipócritas que vendem Jesus, que tudo o que queria era uma grande e amorosa FAMÍLIA.

Na madrugada de ontem aqui no Rio de Janeiro, um senhor por nome de Nelson Pereira de Souza (54 anos) fora preso após mandado de prisão ser expedido, acusado de molestar por 2 (dois) anos uma criança de 12 anos. Nelson é motorista de van escolar há 15 anos e também pastor da Igreja Batista Memorial em Brás de Pina, subúrbio da cidade. O pai da suposta vítima, que segundo o jornal O Dia também seria pastor, desconfiava do comportamento da menina. Após exame psicológico, o drama se confirmou. Para ler mais sobre esta notícia clique aqui.

Esse tipo de acontecimento vem se tornando coisa normal pelo Brasil afora. Crimes de cunho sexual que envolvam alguma autoridade eclesiástica tornou-se quase um pleonasmo. Se existe crime envolvendo padre/pastor, é crime sexual. De longe, não vejo nenhuma espécie de mobilização da sociedade cristã que se revolte contra este quase establishment recente. A impressão que se tem é que é assunto para ser tratado por Deus. Como se estivéssemos inseridos no período da lei, antigo testamento e Deus fosse abrir o chão e engolir os meliantes de toga.

Não creio que Deus fará isso (embora possa) e também não creio que faremos alguma coisa (embora possamos) a não ser continuarmos com nossas vidas. Porque aprendemos (equivocadamente) que crente não critica, não julga, não se posiciona. A não ser para receber suas bençãos do alto, como um refugiado olhando para o alto esperando o avião jumbo descarregar os alimentos na mata fechada.

Eu nem falo dos desmandos financeiros porque, mais do que assunto de igreja, é assunto de polícia. A cara de pau de alguns ministros e suas visões tornam o rebanho cada dia mais cego, se me permitem a tola antítese. Pagando seus indultos monetários, correm atrás de seus objetivos. E fico pensando cá com meus botões, qual é a diferença de quem faz a sua fézinha na Mega-Sena, deste que faz sua fézona na oferta voluntária para ajudar a causa... do Evangelho!

Eu tenho muita pena (e não acho palavra melhor) deste senhor que está com uma patologia que poderia ser tratada (caso realmente esteja doente) profissionalmente e espiritualmente. Nunca é tarde para gente ser curado das nossas doenças do corpo e do espírito. Jesus está sempre perguntando: "O que queres que eu te faça?". No entanto, ao respondermos contemporaneamente esta pergunta, já não apontamos o dedo na ferida, na doença, no tumor. Hoje o negócio é outro. Negócio mesmo.

E confesso aos leitores do JFB que cada dia sou menos fã do nosso povo e não tratem disto como eufemismo. Seja o brasileiro, seja o povo 'de Deus', uma decepção passa pela minha alma como não crendo mais em uma recuperação em qualquer prazo, para um povo tão antigo nas doenças e tão moderno nos desejos.

Por isso, re-afirmo, há pelo menos 5 anos na minha alma: evangelho é relacionamento com Deus. Tão somente com Ele. E, amor ao próximo, é 'expulsar' este relacionamento para aqueles que se sintam sedentos por Ele e não nos atributos dele enquanto mantenedor.

Que Deus nos deixe inconformados todos os dias com o pecado, com seus desdobramentos, com suas brochuras. Porque o dia do Senhor está as portas.

Twitter do autor.

Notícias ruins chegam às nossas portas quase todos os dias. Bate e vem nem dando chance de nos recuperarmos das que já se foram. Ficamos atordoados, tristes, depressivos e nos achegamos à Deus com mais pureza e dor. Vale para qualquer um a tristeza da despedida: para os que conhecem a graça de Deus e para aqueles que A desprezam. Vale para os remidos e para os indiferentes ao sacrifício na Cruz.

Quando acontece alguma desgraça em nossos quintais é muito comum ouvirmos algumas frases de pouca reflexão (e muita pesar) e que acabam virando jargão no meio do 'povo de Deus': "Deus sabe de todas as coisas", "Se morreu foi porque Deus permitiu", "A gente nunca vai entender mas foi o melhor". De uns tempos para cá, nada disso me diz coisa alguma.

No meu coração, a vida depois da escolha desastrada de Adão e Eva, ao preferirem a desobediência ao invés da eternidade, tornou-se um caminho naturalmente sujeito a dissabores. O caminho natural da lida é duro, obtuso e louco. A difusa realidade não tem acomodação para os cristãos. Ela nos envolve, nos perturba, nos enlouquece e é fugaz e efêmera, como só a vida pode ser.

Fica parecendo em nosso discurso consolativo e não consolador que Deus estava 'matando' quem morreu por um 'futuro' melhor, que não havia outra alternativa se não meter alguém numa cadeira de rodas ou um filho de 8 anos perder os pais em acidente automobilístico. Quer dizer que tudo isso aconteceu porque Deus permitiu?

A dor da vida acontece aos vivos. Deus em seu amor e justo juízo não nos deseja mais do que aqueles que não o querem ou não o conhecem. Não nos colocou em uma redoma imunizante e protetora "contra todo o mal". A mensagem do evangelho é poderosa porque nos faz fortes (no Senhor) para resistir a todas as alegrias e tristezas que possam nos iludir quanto ao que realmente é relevante no caminho.

Eu sei. É duro. Posso ser vítima do que eu mesmo acredito e quem fugirá dos laços do amanhã ou do agora? Não serei refém das impressões humanas porque o que Deus espera de nós é um desejo ardente para estar com Ele. O Todo Poderoso nos quer e não MUDA um centímetro de nossa trajetória para apressar este encontro.

Então por que pessoas que amamos morrem em acidentes, tem infartos, perdem entes? Porque é da vida. Ela é assim, encantadora enquanto sorriso, descompromissada enquanto lágrima, mas não é pela e para tribulação que fomos resgatados pelo sangue de Cristo, mas para vivermos com Ele, um dia. Pode ser hoje, pode ser amanhã, pode ser daqui há 50 anos.

Este sim é o mistério. O tempo. Porque é da vida a luta, a dor, a sede, a derrota, a doença, a tristeza, a alegria, o êxito, o conforto, a angústia, a posse, a perda, a fome, o rio e o deserto.

"Eu quero estar com Cristo onde a luta se travar, no lance imprevisto..."

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